O fim do auxílio emergencial, criado no início da pandemia,
preocupa milhões de brasileiros de renda mais baixa e sem emprego formal.
Bem no começo da pandemia, Camila descobriu que o filho de
3 anos estava com câncer. Nessa época, ela perdeu emprego.
“O auxílio era minha única renda, era a única coisa que eu
podia contar para tudo”, contou.
Sandra Regina tem 63 anos e uma doença crônica. Ela é do
grupo de risco para Covid e vivia da venda de doces em uma barraca. Há quase um
ano sem trabalhar, agora está sem dinheiro. Ela diz que depende da ajuda de
outras pessoas para sobreviver.
“É, para sobreviver. Um prato de comida, um pão, um
sabão... Sempre alguém me dá”.
Quase 70 milhões de brasileiros receberam o auxílio
emergencial em 2020. Mas, em 2021, já não podem contar com o dinheiro. Muitos
perderam o emprego e, com o fim da ajuda do governo federal, podem ficar sem
qualquer renda.
“A fome já chegou. Infelizmente a fome já chegou. As
pessoas ainda estão desempregadas. Muitas pessoas que tinham que sair para
trabalhar, muitas delas morreram”, diz a jornalista comunitária Simone Lauar.
Se pudesse, o guardador de carros Antônio Carlos voltaria
no tempo. Ele trabalhava, mas perdeu a renda com a chegada da pandemia.
“Antes, eu vivia bem melhor, antes da pandemia. Aí parei de
trabalhar, sem condições porque era estacionamento de faculdade. Está parada a
faculdade. Passei a receber do governo federal R$ 600. Perdi um pouco da
respiração, mas deu... Caiu para R$ 300. E, agora, caiu para R$ 89. Estou
vivendo de favor. Um amigo paga uma quentinha, outro paga um café”, conta
Antônio Carlos Santana de Almeida.
Para o economista Samuel Pessoa, qualquer extensão do
auxílio emergencial precisa ser acompanhada de medidas para equilibrar as
contas públicas.
“A gente sabe que a situação é grave porque tem uma dívida
muito grande. A situação fiscal é muito dramática. Se houver uma expansão do
auxílio emergencial, e eu entendo perfeitamente os motivos, seria muito
importante que o Congresso pensasse em contrapartidas, seja na área de receita,
seja na área de corte de gastos”, opina o economista da FGV/Ibre.
O governo parou de pagar o auxílio em dezembro e não estuda
alternativas para o benefício.
O economista Marcos Mendes diz que o país precisa gerar
emprego para voltar a crescer:
“A gente precisa voltar à normalidade, mas voltar a uma
normalidade reestruturando gasto público para poder atender às pessoas mais
carentes. Aprovar reformas, como a tributária, uma abertura da economia, e
tantas outras que já estão na agenda há tanto tempo e que vão acelerar o
crescimento da economia, gerando mais empregos, gerando mais arrecadação e
podendo estabilizar tanto a situação de desequilíbrio das contas públicas
quanto o desemprego e a baixa renda da população”, diz o economista do Insper.
Do G1
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