O governo britânico anunciou nesta sexta-feira (27) que
pediu à Autoridade de Regulamentação Sanitária de Medicamentos (MHRA, na sigla
em inglês) para examinar a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo
laboratório AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford.
"Pedimos oficialmente ao regulador sanitário para
avaliar a vacina Oxford/AstraZeneca e determinar se atende a normas de
segurança rigorosas", informou em comunicado o ministro da Saúde, Matt
Hancock. Se for aprovada, esta será uma "etapa importante rumo à produção
de uma vacina o mais rapidamente possível", acrescentou.
A MHRA já iniciou uma revisão contínua para determinar se a
vacina de Oxford atende seus rígidos padrões de segurança, eficácia e
qualidade.
O governo do Reino Unido diz que não há razão para ninguém
se preocupar com os dados dos estudos clínicos da vacina e que qualquer dúvida
sobre a segurança e eficácia do imunizante será esclarecida com a avaliação
independente da agência reguladora.
A vacina batizada de ChAdOx1 já tem previsão de
distribuição no Brasil, entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021: o governo
federal vai investir R$ 1,9 bilhão para produção de 100 milhões de doses.
4 das 11 vacinas na fase final de testes já apresentaram
taxas de eficácia; veja comparativo
EFICÁCIA DE ATÉ 90%
Na segunda-feira (23), os desenvolvedores da vacina
anunciaram que, segundo os resultados dos testes clínicos realizados no Reino
Unido e no Brasil, a combinação da meia dose com uma dose completa acabou tendo
uma eficácia maior na proteção contra a doença, de 90%. Em contrapartida, a
eficácia nos participantes que receberam as duas doses completas foi menor, de
62%.
Os cientistas de Oxford não souberam explicar o motivo da diferença.
Mene Pangalos, vice-presidente executivo da AstraZeneca,
afirmou no mesmo dia que a meia dose aplicada em parte dos voluntários da
vacina foi uma "casualidade".
"O motivo de termos a meia dose é a casualidade”,
disse Mene Pangalos, chefe de pesquisa e desenvolvimento não oncológico da
AstraZeneca, à Reuters.
Na quinta-feira (26), o diretor da farmacêutica AstraZeneca
afirmou que a vacina deve passar por um "estudo adicional" para
reavaliar a eficácia de aplicar uma meia dose combinada com uma dose inteira da
imunização.
Maior eficácia da meia dose da vacina de Oxford ainda não
tem explicação definitiva; cientistas buscam respostas
Laboratório admite que vacina de Oxford contra a Covid-19
deve passar por novos testes
Laboratório admite que vacina de Oxford contra a Covid-19
deve passar por novos testes
ESPECIALISTAS QUESTIONAM DADOS
Os resultados dos testes da AstraZeneca foram criticados
por cientistas nacionais e internacionais, que levantaram vários
questionamentos.
No centro das preocupações está o fato de que o resultado
mais promissor dos testes, de 90% de eficácia, vem de uma análise de subgrupo –
uma técnica que muitos cientistas dizem que pode produzir leituras incorretas.
A TRANSPARÊNCIA DA EMPRESA TAMBÉM FOI CRITICADA.
"A meia dose foi um erro, e pior, foi dada apenas para
voluntários jovens. A empresa tentou encobrir o fato", escreveu a
microbiologista brasileira Natália Pasternak em uma rede social.
Além disso, Oxford/AstraZeneca não divulgaram partes
importantes do estudo, como o número de casos de Covid-19 no grupo que teve 90%
de eficácia, apontou a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do
Instituto Sabin de Vacinas.
Do G1
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