BREGA E RAP EM POLO DO CARNAVAL DO RECIFE ABREM DISCUSSÃO SOBRE REPRESENTATIVIDADE

Além do frevo, que foi o protagonista da abertura oficial da festa de Momo no Recife, na sexta (9), o carnaval na capital pernambucana dá espaço a outros ritmos populares, como o brega-funk e o rap. O palco do Rec-beat, que inicia a programação neste Sábado de Zé Pereira (10), recebem atrações como MC Tocha, Diomedes Chinaski, Luiz Lins e Arrete.

A inclusão de tais artistas na programação do carnaval recifense gerou discussões nas redes sociais sobre representatividade. Pela primeira vez, MC Tocha se apresenta na festa, garantindo espaço para o brega-funk recifense na folia na capital. "Hoje esse é o ritmo mais tocado do Recife. Em cada esquina, o brega tá tocando, até mesmo nas vozes de artistas nacionais. É muito importante ter o nosso movimento em uma programação como esta", destaca.

Dadá Boladão, MC Japão, MC Cego e MC Tróia participam de palcos públicos de prefeituras por todo o estado durante o carnaval, mas nenhum na Região Metropolitana do Recife. Representante do brega no carnaval deste ano na capital, MC Tocha acredita que preconceito pode ter sido o motivo de a inclusão desse ritmo na programação da festa acontecer apenas agora.

"Sei que tem muita gente que está com o pé atrás ainda. A minha responsabilidade, além de fazer um bom show, é mostrar que somos tão importantes quanto os outros artistas", completou.

Rap pernambucano

No Rec-Beat, o rap estadual está representado por Diomedes Chinaski e Luiz Lins, que sobem ao palco juntos no sábado (10), às 23h10, e pelo Trio Arrete, que se apresenta no domingo (11), às 20h.

"Se observar a indústria musical, você vai ver que essa inclusão é revolucionária. Artistas voltados para a classe média têm ocupado programações de festivais semelhantes ao do rec-beat, então ter a gente do rap e o brega não só é sinônimo de que estamos fazendo um bom trabalho como também que o povo nos quer. Por isso a gente não quer só subir no palco e cantar, mas sim fazer um grande espetáculo", contou Diomedes.

A programação do festival passa por diversas etapas de estudos antes de chegar aos nomes secionados de cada ano. Mazili, dono do selo PE Squad, responsável por nomes como o do Diomedes e Luiz, teve um papel importante nessa decisão. "Eu tive uma reunião com Antonio Gutierrez [produtor e curador do festival] para esclarecer alguns aspectos do nosso trabalho e aproveitei esse espaço para citar outros nomes", esclareceu Mazili.

O show dos rappers é acompanhado por banda - Moral (guitarra), Sal (bateria) e Kal (baixo) -, e conta com participação especial de Miró da Muribeca e Negrita. "Se o artista é valorizado, consequentemente o seu trabalho é respeitado", afirma.

A Arrete, formada por MCs veteranas no rap pernambucano Ya Juste, Weedja Lins e Nina Rodrigues, ganhou destaque nacional após o lançamento do álbum de estreia "Sempre Com a Frota". "Trazer estilos regionais para um palco central é, antes mesmo de algo bom para a gente, uma contribuição para a população", iniciou Nina Rodrigues.

"Somos protagonistas no projeto Arrete, pois não estamos envolvidas apenas nas letras e melodias, mas também em todos os aspectos de pré e pós produção. Levar esse trabalho para um espaço como o Rec-Beat é muito significativo", conta Ya Juste.

O cearense Don L e a paulistana Rimas & Melodias completam o enfoque que o Rec-Beat está dando ao rap este ano em sua programação.

Olinda

A programação do Carnaval de Olinda 2018 também incluiu o rap. Na sexta-feira (9), por volta das 22h, Lady Laay, ao lado de DJ Novato, apresentou o show do álbum "Faro", no Polo Hip-Hop/Polo Selma do Coco.

"Chegamos a ter problemas de divulgação do palco que teve rap, mas acabou que tudo aconteceu. Estamos chegando em espaços como este não só pela importância do movimento, mas também por sua potencialidade de público", opinou Laay, que agora trabalha em misturar rap com elementos regionais da cultura popula nordestina.
Fonte : G1

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